Ilha que recebeu o Papa sofre com novo naufrágio

 Mapa naufrágio lampedusa (Foto: Arte/G1)


Dezenas de imigrantes ilegais morreram nesta quinta-feira (3) após o naufrágio da embarcação em que viajavam, em sua tentativa de chegar à ilha de Lampedusa, no sul da Itália.
Segundo as agências France Presse e EFE, 93 pessoas morreram. As agências citam o vice-primeiro ministro e ministro do Interior do país, Angelino Alfano, que acrescentou que 151 pessoas foram resgatadas vivas.

A Associated Press fala em 78 mortos e a Reuters em 94.
Ainda estão em curso os trabalhos de retirada das vítimas, explicou a prefeita da ilha italiana, Giusi Nicolini. A Guarda Costeira informou que cerca de 200 pessoas ainda estão desaparecidas.
Sobreviventes de naufrágio na costa de Lampedusa são resgatados (Foto: Nino Randazzo/ASP press office/Reuters)
No Twitter, o Papa Francisco pediu orações pelas vítimas da tragédia. "Rezemos pelas vítimas do trágico naufrágio na costa de Lampedusa", disse o pontífice.

De acordo com a primeira reconstituição dos fatos, a embarcação virou em frente a "Isola dei Conigli", uma ilhota que pertence a Lampedusa, e tinha a bordo cerca de 500 imigrantes, inclusive mulheres e crianças.

As vítimas explicaram que são da Eritréia e da Somália e que zarparam do litoral da Líbia.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) e a Organização Internacional para Imigrantes disseram que as vítimas podem ser da Eritréia e confirmou que elas teriam saído da Líbia.

O chefe da Acnur, António Guterres, expressou sua consternação diante da tragédia. "Felicito pela rápida ação tomada à guarda litorânea italiana para salvar vidas. Ao mesmo tempo, estou consternado pelo fenômeno mundial crescente de emigrantes e pessoas que fogem de conflitos ou perseguições e que morrem no mar", declarou Guterres em comunicado.

A Acnur expressou seu compromisso de colaborar com os países da região para dar assistência a estas pessoas que "arriscam suas vidas em viagens tão perigosas".

O comissário extraordinário da Agência de Saúde de Palermo, Antonio Candela, que coordena as operações de assistência aos imigrantes resgatados, explicou que 120 pessoas já estão em terra firme, entre elas 30 crianças, algumas com poucos meses, e duas mulheres grávidas.

Participam das operações de resgate a Guarda Litorânea italiana e a Guardia di Finanza, a polícia de fronteiras do país.

A prefeita da ilha, Giusi Nicolini, confirmou que entre os mortos estão duas crianças pequenas e uma mulher grávida, e informou que o número de vítimas deve ser maior "pois o mar está cheio de corpos".

Giusi também informou à imprensa italiana que, entre os sobreviventes, as forças da ordem prenderam uma pessoa. Acredita-se que ele seja o traficante responsável pelo transporte ilegal.

Corpos das vítimas de naufrágio são vistos na costa de Lampedusa nesta quinta-feira (3) (Foto: Nino Randazzo/AP) 
Corpos das vítimas de naufrágio são vistos na costa de 
Lampedusa nesta quinta-feira (3) 
(Foto: Nino Randazzo/AP)
 
"Trata-se de uma tragédia imensa", acrescentou Giusi, que explicou que os sobreviventes relataram que estavam há várias horas em alto-mar e que não conseguiram pedir ajuda, por isso decidiram acender uma chama para serem localizados.

A embarcação pegou fogo logo depois e muitos imigrantes tiveram que se lançar ao mar e, por fim, o barco virou, acrescentou a prefeita.

"É um horror. Não param de chegar barcos cheios de corpos. Os meios de comunicação têm que vir aqui para ver isso. É impressionante", acrescentou a prefeita entre lágrimas enquanto falava por telefone com algumas emissoras de televisão.

O responsável da Agência de Saúde de Palermo, Antonio Candela, que coordena as operações de assistência aos imigrantes resgatados, informou que foram recuperadas 150 pessoas, entre elas dezenas de crianças, algumas com poucos meses de idade, e mulheres grávidas.

Candela explicou que as condições dos sobreviventes eram boas e que, apesar de alguns terem apresentado sintomas de hipotermia, ninguém precisou ser hospitalizado.

Participam das operações de resgate a Guarda Litorânea italiana e a Guardia di Finanza, a polícia de fronteiras do país, além de barcos pesqueiros e embarcações particulares.


 http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/pelo-menos-10-imigrantes-morrem-ao-tentar-chegar-em-ilha-italiana.html

Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!

Dom Murilo S.R. Krieger, scj
Arcebispo de São Salvador da Bahia, Primaz do Brasil

Corinto era uma importante e próspera cidade marítima grega, onde se cruzavam negociantes do Oriente e do Ocidente. A cidade tinha péssima fama, pois nela havia um templo dedicado à deusa Afrodite, cultuada pela prática da prostituição.

Percebendo a importância dessa cidade para a expansão do Evangelho, o apóstolo Paulo a visitou no ano 50 ou 51, em sua segunda viagem apostólica. Fundou ali uma comunidade, passando a se
corresponder com ela.

Estudiosos da Bíblia concluíram que ele provavelmente tenha escrito cinco cartas para os coríntios, das quais conhecemos apenas duas. Dadas as suas novas convicções, Paulo não era bem aceito pelos judeus que ali viviam; eles não aceitavam o fato de o apóstolo não valorizar a observância de práticas legalistas e não dar destaque à sua origem judaica.

Como a comunidade que ele ali formara enfrentava muitos desafios, Paulo escrevia-lhe para defendê-la, animá-la e também adverti-la quanto a algum deslize. Além disso, procurava justificar sua pregação, esclarecendo que não agia levado por algum interesse próprio, mas unicamente impulsionado pelo amor de Cristo (cf. 2Cor 5,14).

Há os que se perguntam: quando Paulo se referia ao amor de Cristo, afirmando que se sentia impulsionado por ele, referia-se ao seu amor por Cristo ou ao amor de Cristo por ele? É preciso entender sua afirmação nos dois sentidos, uma vez que o amor de Jesus por ele gerava seu amor por Cristo.

O amor de Deus é sempre o ponto inicial: Ele não nos ama porque somos bons; nos ama porque Ele é bom e é próprio do amor expandir-se. Nosso amor por Deus e pelo próximo é uma resposta a esse amor. Em outras palavras: nós amamos com o amor que Cristo coloca em nosso coração. Esse amor nos pressiona, nos compele, nos impele, nos estimula a amar, dando origem a gestos de doação para com amigos e conhecidos, para com desconhecidos e necessitados.

Ao seguir Jesus descobrimos que é o rosto de Cristo que está presente no rosto de cada pessoa.​ Tendo feito a experiência do amor de Cristo por ele (“Ele me amou e se entregou por mim” – Gl 2,20), Paulo sentia necessidade irresistível de levar a outros a experiência que ele próprio havia feito, a ponto de exclamar: “Ai de mim se eu não anunciar o evangelho” (1Cor 9,16).

Diante da urgência da missão evangelizadora, ele aceitava enfrentar prisões e perseguições, fome, nudez e calúnias. Para ele, o importante era que Cristo fosse conhecido, amado e seguido.

É pedida aos cristãos de hoje a coragem de Paulo, mesmo porque surgiram no mundo novos “areópagos” (cf. At 17,19) – isto é, ambientes hostis ao Evangelho, onde Cristo está particularmente ausente. Pensemos, por exemplo, no mundo das comunicações, no da cultura e no das pesquisas científicas, no ambiente das universidades e das relações internacionais… Esses, e muitos outros ambientes, precisam ser iluminados pela luz do Evangelho.

Cristo nos dê, pois, um coração cheio de ardor apostólico, capaz de evangelizar com novos métodos. É necessário empregarmos nossa imaginação e criatividade para que o Evangelho chegue a todos, numa linguagem que atinja o homem moderno.

Em outras palavras, cabe-nos anunciar Jesus Cristo e convidar o povo a converter-se; formar comunidades que escutem a Palavra de Deus e estejam unidas na oração e na Eucaristia; cabe-nos, também, lembrar a todos que a evangelização é tanto um compromisso pessoal, já que somos batizados, como comunitário: “Nisto conhecerão todos que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros” (Jo 13,35).

“Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1Cor 9,16). Paulo tinha convicção de que Cristo é o único salvador de todos; o único capaz de nos revelar e de nos conduzir a Deus. Tinha consciência, também, de que nele o Pai se revelou de forma definitiva, deu-se a conhecer de modo pleno, disse à humanidade quem é e o que deseja de nós. Por isso, anunciá-lo era a razão de ser de sua vida. Não deve ser essa, também, a razão de ser da nossa vida, já que somos os atuais discípulos missionários?…



http://noticias.cancaonova.com/noticia.php?id=290022