Na manhã dessa sexta-feira (26), o Papa Francisco iniciou a agenda do dia atendendo confissões no Parque da Quinta da Boa Vista, um dos locais onde estão instalados os confessionários e onde também acontece a Feira Vocacional da JMJ.
O Sumo Pontífice chegou por volta das 9h30 da manhã, cumprimentou alguns religiosos e voluntários, no local, e foi logo atender a confissão de cinco jovens, sendo três homens e duas mulheres. Foram três do Brasil, um da Venezuela e um da Itália. Eles foram sorteados pelo sistema de inscrição. Antes das confissões, os nomes não foram divulgados para preservar a identidade dos penitentes, que também foram orientados a se manter em sigilo. De acordo com a direção do evento, o sorteio foi realizado por idiomas e não por países.
Após a confissão dos cinco jovens, nosso enviado especial ao Rio, Daniel Machado, conversou com dois deles, que expressaram os momentos vividos com o Santo Padre:
“Foi um momento muito marcante para todos nós. Um momento único que a gente viveu. Deu pra ver como o Papa é humilde, como ele tem um carinho muito grande para com a juventude. Em todo momento, ele olhava no meu olho e eu via esta simplicidade que brotava do coração dele”, declarou o jovem Wellington de Melo (23 anos), que reside em Campo Grande (RJ).
“Foi um momento muito marcante para todos nós”, testemunhou o jovem Wellington
Outro jovem, o cuiabano Marco Antônio, de 21 anos, disse: “Quando o Papa foi se aproximando dos confessionários, o meu coração começou a bater muito forte. Fiquei muito emocionado, mas depois eu fui me acalmando e, na hora da confissão, já estava com o coração bem mais tranquilo. No final da confissão, ele disse que me daria o perdão de todos os meus pecados de toda a minha vida, por causa da indulgência. Eu entendi bem isto, porque ele falou meio em espanhol e não vou esquecer estas palavras para o resto da minha vida”.
“Não esquecerei as palavras do Papa pro resto da minha vida”, afirmou o jovem Marco Antônio
Além dos confessionários desenhados especialmente para a Jornada (inspirados no formato do Morro do Corcovado), o espaço da Feira Vocacional, na Quinta da Boa Vista, possui também uma tenda de 600 m² para adoração ao Santíssimo Sacramento. Estão programadas também atividades nas tendas a cada meia hora, com testemunhos, palestras e apresentações musicais.
As confissões duraram cerca de 30 minutos. Após esse momento, o Santo Padre seguiu em direção ao Palácio São Joaquim, na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro, onde vai se encontrar com jovens detentos e, depois, ao meio dia, rezar a oração do Angelus.
Papa Francisco deixa os confessionários em direção ao Palácio São Joaquim
Milhares de peregrinos acompanharam a primeira atividade oficial da JMJ Rio2013 com a presença do Papa Francisco, na praia de Copacabana. O Pontífice foi acolhido pelos jovens com dança, música e teatro, atos que fizeram parte da cerimônia da noite desta quinta-feira, 25. Francisco acolhia todas as manifestações com sorrisos e expressões de satisfação.
Diversos artistas brasileiros e estrangeiros participaram das apresentações que expressavam, em sua maioria, a cultura e a religiosidade do Brasil. Fafa de Belém cantou a música tema do Círio de Nazaré que acontece em Belém do Pará. É a terceira vez que a cantora se apresenta a um Pontífice da Igreja.
O Papa também recebeu das mãos do dançarino Carlinhos de Jesus e do ator Marcos Frota uma imagem de Nossa Senhora Aparecida.
Durante a cerimônia, jovens dos cinco continentes saudaram e deram as boas-vindas ao Santo Padre. Recorde as palavras dos peregrinos ao Papa Francisco:
1. Santo Padre, em nome de todos os jovens do continente europeu, seja bem-vindo à nossa Jornada! Trazemos conosco cada irmão e irmã que, ao longo dos séculos, viveram e continuam testemunhando o Evangelho em nossas terras.
2. Santo Padre, em nome de todos os jovens do continente asiático, queremos igualmente dizer: seja bem-vindo à nossa Jornada! Trazemos a vida de todos os que, em nosso continente, vivem e transmitem o Evangelho no diálogo com tradições e religiões milenares.
3. Santo Padre, em nome de todo os jovens da África, nós o acolhemos com o vibrar de coração missionário, que clama por vida em meio às inúmeras dificuldades. Seja bem-vindo à nossa Jornada!
4. Santo Padre, também nós, da Oceania, queremos lhe dizer: seja bem-vindo à nossa Jornada! Viemos de longe, porque sabemos que para os discípulos de Jesus Cristo não há distâncias que nos impeçam de viver e anunciar a fraternidade. Neste mundo, somos todos irmãos e irmãs.
5. Santo Padre, em nome de todos os jovens do continente americano, em especial dos jovens brasileiros, queremos manifestar nossa alegria e dizer que é muito bom estar aqui. Seja bem-vindo à nossa Jornada! Em nome de todos os jovens, queremos lhe oferecer este presente. Ele expressa nosso carinho, nossa união e nossas orações!
Às 10h desta sexta-feira, 26, o Papa terá um momento com a juventude. O Pontífice atenderá cinco jovens em confissão na Quinta da Boa Vista. À noite, o Santo Padre tem outro encontro marcado com os peregrinos da JMJ, na Vigília de Oração, na Praia de Copacabana.
O Sumo Pontífice participou, na tarde desta quinta-feira, 25, da Festa da Acolhida onde se encontrou, pela primeira vez, com os jovens da Jornada Mundial da Juventude Rio 2013.
Francisco chegou de helicóptero, em Copacabana, por volta das 17h10 e foi recebido pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que seguiu junto ao Santo Padre, no papamóvel, rumo à Copacabana. O Pontífice circulou pela orla da praia saudando os jovens e sendo acolhido, calorosamente, por eles.
Durante o percurso, o Santo Padre tomou um chimarrão oferecido por um dos peregrinos.
Já no palco central de Copacabana, Francisco foi acolhido com a música “Seja bem-vindo”, interpretada pelo padre Fábio de Melo. Em seguida, Dom Orani João Tempesta saudou o Santo Padre, agradecendo-lhe a visita ao Rio e dando-lhe as boas-vindas.
Posteriormente, Francisco assistiu a um espetáculo de música e dança promovido por cerca de 250 jovens. Bandeiras dos diversos país foram levadas ao palco.
Em suas palavras aos peregrinos, Francisco ressaltou o testemunho de fé que os jovens estão dando durante estes dias. “Ouvi dizer que os cariocas não gostam muito do frio e da chuva, mas vocês estão demonstrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva. Parabéns!”, disse espontaneamente o Papa.
Francisco recordou a primeira JMJ internacional que aconteceu também na América Latina, na Argentina, em 1987.
Em seguida, o Pontífice pediu um minuto de silêncio em memória à jovem Sophie Morinière que faleceu num acidente na Guina Francesa. Sophie, juntos com outros jovens, viajavam rumo ao Rio de Janeiro para participar da JMJ 2013.
Seguindo seu discurso, o Santo Padre recordou o Papa emérito Bento XVI que convocou esta Jornada no Brasil. Segundo Francisco, Bento XVI disse que acompanharia a JMJ pela televisão. “Vocês, jovens, responderam numerosos ao convite do Papa Bento XVI, que lhes convocou para celebrá-la. Agradecemos-lhe de todo coração! O meu olhar se estende por esta grande multidão: vocês são muitíssimos! Vocês vêm de todos os continentes!”, acrescentou.
Para o Papa Francisco, o Rio de Janeiro tornou-se o centro da Igreja, seu coração vivo e jovem. “O ‘trem’ desta Jornada Mundial da Juventude veio de longe e atravessou toda a nação brasileira seguindo as etapas do projeto ‘Bote Fé’. Hoje, chegou ao Rio de Janeiro. Do Corcovado, o Cristo Redentor nos abraça e abençoa.”
O Pontífice também se referiu àqueles que acompanham a Jornada pelos meios de comunicação. A todos o Papa disse: “Sintamo-nos unidos uns com os outros na alegria, na amizade, na fé. E tenham a certeza: o meu coração de Pastor abraça a todos com afeto universal. O Cristo Redentor, do alto da montanha do Corcovado, os acolhe na Cidade Maravilhosa. Bem-vindos a esta grande festa da fé!”
Por fim, o Santo Padre saudou o presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, Cardeal Estanislau Ryłko. Agradeceu ao Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta pela cordialidade na recepção e pelo “grande trabalho realizado para preparar a JMJ junto com as diversas dioceses desse imenso Brasil”.
Encerrando, o Papa concluiu dizendo: “Irmãos e amigos, bem-vindos à 28ª Jornada Mundial da Juventude nesta cidade maravilhosa do Rio de Janeiro!”.
Nem o frio e a chuva atrapalharam a festa dos fiéis da Jornada Mundial da Juventude
. Com um desfile de guarda-chuvas, os jovens invadiram os Arcos da Lapa e
lotaram a abertura do Festival Halleluya. Nove bandas subiram no palco,
foram 10 horas de música sem parar.
Essa é a terceira vez que o Rio de Janeiro recebe esse
evento que acontece há 16 anos. A programação começou às 14h da
quarta-feira (24). À noite a temperatura era de 14°C, o que surpreendeu
muitos peregrinos. “Não me preparei para o frio. A gente só escuta falar
que no Rio é quente. Então, quase não trouxe casaco”, comentou Tatiana
Silveira, de Recife. “Olha, acho que nunca senti tanto frio no corpo.
Mas, também nunca senti tanto calor na alma. Vale a pena bater queixo”,
brincou Tatiana, lembrando que na sua mala tem até biquíni.
Um posto de gasolina próximo ao palco virou abrigo da
chuva e local para fazer amizades. Grupos se misturam para dançar e
cantar. Para dar boas-vindas aos visitantes, o carioca César Ramalho, de
16 anos, organizou uma roda para que cada um mostrasse de onde era. Na
brincadeira, entrou na roda Pernambuco, Ceará, Mato Grosso do Sul,
Paraná e Porto Alegre, entre outros lugares.
Coreografias uniam os jovens e aumentava o grupo.
“Estamos dançando para aquecer e para mostrar que Deus está presente em
nossos corações. Meu coração queima por Jesus”, revelou Valéria, de
Nilópolis.
“Essa é uma experiência incrível. É uma oportunidade de
conhecer gente de todos os lugares. Estou abrindo minha mente. Fico
feliz em saber que existe um milhão de pessoas que pensam iguais a mim,
que têm a mesma fé que eu”, disse Carina Schulte, de 17 anos. “Vim para
assistir ao show da banda Rosa de Saron, que eu gosto muito. Esse é um
festival sem fronteiras para fazer novos amigos, novos irmãos”,
concluiu.
Para muitos peregrinos, a JMJ é um intercâmbio de
culturas e experiências. “É muito importante estar aqui. Unir jovens que
têm a mesma ideia. Às vezes a gente nem fala a mesma língua, mas
conseguimos nos comunicar”, contou Jessica Marotti, de 17 anos, que mora
em Araruama, interior do Rio. Ela contou que no ônibus, a caminho do
Festival, fez amizade com alguns argentinos e até aprendeu uma dança:
chipe, chipe.
Teve gente que para estar na JMJ fez até campanha em
redes sociais para arrecadar dinheiro. “Eu não tinha como vir até a
semana passada. Não tinha nem o dinheiro da passagem. Aí criei uma
página no facebook mostrando o quanto era importante estar aqui.
Funcionou. Deus ajudou, os amigos também, e estou aqui”, confirmou o
Paraense Alexandre Vasconcelos, de 16 anos. Ele encarou a viagem de
ônibus sozinho e no primeiro dia já fez amizade e conseguiu lugar para
ficar. "A igreja é jovem. A igreja é viva”. Esse é um dos gritos de
guerra que marcam a JMJ.
Nem ônibus quebrado desanimou um grupo de Cornélio
Procópio, no Paraná. “Não foi fácil chegar aqui. Mas, espero essa
Jornada há mais de um ano. Sempre quis participar. Tinha que dar certo, a
oportunidade era agora”, contou José Antonio Mendes, que está com um
grupo de 90 pessoas. “Viemos em dois ônibus. Um quebrou e nós tivemos
que parar. Foi um susto, quase pegou fogo. Mas, estamos aqui. É isso o
que importa”, finalizou.
A programação do festival conta com uma mistura de ritmos
para agradar a diversidade do público. “O show da Rosa de Saron está
maravilhoso. Por meio dessas músicas que me inspiro em ser melhor. A
letra me ensina a demonstrar meu lado humano”, revelou Maria Paula
Freitas, de Manaus. “Para ficar mais perfeito, só falta São Pedro se
lembrar da gente e mandar sol”, falou sorrindo.
O Festival Halleluya foi criado em Fortaleza e é
promovido pela Comunidade Católica Shalom, instituição reconhecida pelo
Vaticano e presente em 18 países como Roma, França, Suíça, Israel,
Holanda, Uruguai, Tunísia , entre outros e em 64 cidades no Brasil
incluindo o Rio de Janeiro onde desenvolve atividades de evangelização
no Santuário do Cristo Redentor.
A abertura do evento contou com as
apresentações de Bruno Camurati, Italo Vilar, Matt Maher, Expresso HG,
Irª Kelly Patrícia, Anjos de Resgate, Banda Rosa de Saron e o Ministério
Missionário Shalom. O Festival Halleluya vai até sexta-feira (26), com
entrada gratuita. Os shows fazem parte da programação do Festival da
Juventude, que conta também com reuniões de oração, vigílias, concertos,
recitais, filmes, músicas, dança e teatro.
A quarta-feira (24) foi dia de brinde para Liarde Cassiano Reis, de
32 anos. Após um ano e três meses longe das drogas, o rapaz foi o
escolhido para participar com um discurso da cerimônia que contou com a
presença do papa Francisco no Hospital São Francisco de Assis, no Rio de
Janeiro.
Ainda não acreditando no que tinha presenciado minutos atrás, Liarde conversou com a reportagem do iG
e frisou a importância deste papa para a causa dos dependentes químicos.
“Assim como São Francisco de Assis abraçou um
leproso, o papa Francisco e essa instituição estão abraçando a causa por
um mundo sem drogas. Ele reforça isso em todos os discursos que faz. É
um problema de calamidade pública e eu sei porque vivi nesse meio. O
governo aperta muito na tecla do crack, mas esquece que o álcool é a
droga mais vendida no mundo e é a que mais mata. Hoje, o álcool
desestrutura famílias no mundo inteiro”, disse.
Liarde teve o primeiro contato com maconha aos 15 anos.
Seu pai era alcoólatra e o exemplo em casa o deixou longe do álcool até
os 20 anos. “Depois disso, experimentei várias outras coisas, como
crack, cocaína, ecstasy, tudo que você pensar... No final, o que me
tombou de verdade foi o álcool. Eu não tinha mais dinheiro para
sustentar o vício em outra droga. A bebida alcoólica você consegue por
dois, três reais”, apontou Liarde.
Dono do próprio nariz e do próprio dinheiro, o rapaz
contou que se iludiu com prazeres “do mundo” e perdeu o rumo. “Aos
poucos, eu fui acabando com tudo. E tenho um primo que sempre falava que
queria me ajudar e eu nunca aceitava. Cheguei a um ponto em que estava
arrebentado, e decidi que eu queria me suicidar. Fiquei internado três
dias e depois desta tentativa disse que iria parar. Dois dias depois fiz
novo consumo de drogas e álcool. Eu estava pronto para me matar, mas
esse primo me encontrou. Ele praticamente me amarrou e disse que iria
cuidar de mim”, relembrou com emoção.
Liarde
chegou ao lar dos franciscanos pesando apenas 51kg. “Eu sai de lá com
68kg e hoje estou com 75,5kg”, conta, orgulhoso. A escolha para
representar a instituição ao vivo para o papa, que inaugurou um novo centro para dependentes no local
, chegou de surpresa. A ficha, segundo Liarde, só caiu quando ele chegou
ao São Francisco de Assis e viu os preparativos do evento.
“Eu creio que a recuperação é possível. Eu sou a prova
disso, e não é sendo auto-suficiente. Tudo o que eu aprendi na casa de
recuperação eu tento colocar em prática do lado de fora. E os pilares
que eles ensinam (família, religião, grupo de apoio e o trabalho) andam
juntos”, disse.
Hoje, Liarde é vice-coordenador de uma pastoral da
sobriedade, que faz parte da Fraternidade São Francisco, está casado e é
pai de um menino de quatro anos: “Depois que aprendi a gostar de mim de
novo, tive de reconquistar as outras partes da minha vida, como meu
filho e esposa. Atualmente nós moramos juntos e eu estou sóbrio há um
ano e três meses. Só por hoje eu estou limpo”.
A despedida do papa Francisco de Aparecida foi próxima do povo. Por duas
vezes, durante seu trajeto para deixar o Estado de São Paulo, o líder
religioso alterou a programação para chegar perto dos fiéis que
enfrentaram uma quarta-feira gelada e chuvosa para verem Francisco.
Na primeira oportunidade, durante o trajeto entre o Seminário Bom Jesus, onde almoçou e descansou após a missa da manhã
, e o heliponto que o levaria até São José dos Campos, o papa pediu que o
papamóvel parasse e desceu na rua para cumprimentar a população que
acenava atrás de uma grade.
Após deixar Aparecida de helicóptero, o papa
também decidiu cumprimentar os fiéis em São José do Campos. Ele foi até a
grade do aeroporto para falar com as pessoas que estavam no local.
Em meio ao frio e vento que atingiam a praia de Copacabana nesta
terça-feira (23), no primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude, cerca
de 500 mil a 600 mil peregrinos comemoravam como uma bênção cada trégua
dada pela chuva antes da missa de abertura, celebrada pelo arcebispo do
Rio, Dom Orani Tempesta.
A missa abrio oficialmente a Jornada, que terá nos próximos
dias a participação do papa Francisco, e reúne milhares de jovens que,
apesar do clima adverso, aplaudiram e cantaram durante a missa, muitos
empunhando bandeiras de vários países.
"Vocês, queridos jovens, são o presente esperançoso de
uma sociedade que espera que sua crise de valores tenha uma solução. São
chamados a formar uma nova geração que vive a fé e a transmite para a
geração seguinte", disse dom Orani em sua homilia.
O religioso fez uma convocação para que os jovens que
participam da JMJ façam discípulos por todos os lugares do mundo, e
pediu para que estejam prontos para as "consequências" da aceitação de
Deus, descritas pelo arcebispo como "cheias de desafios e alegrias".
"O entusiasmo juvenil por todos os cantos demonstram o
rosto do jovem cristão, que procura unir o testemunho de uma vida
autenticamente cristã com as consequências sociais do Evangelho", disse.
Ao declarar as intenções da missa de abertura, dom Orani
Tempesta foi aplaudido ao lembrar os 242 mortos no incêndio da Boate
Kiss, em Santa Maria (RS), em janeiro. "Rezo pelos jovens de Santa
Maria, pedindo mais segurança para todos", disse o arcebispo, recebendo
aplausos dos jovens que participam da missa na Praia de Copacabana.
Dom Orani também as chacinas da Candelária, em que
crianças e adolescentes moradores de rua foram mortos no centro do Rio
de Janeiro, e de Vigário Geral – dois episódios violentos que tiveram
repercussão internacional.
Diante de jovens de várias partes do mundo, dom Orani
incluiu nas intenções da missa os jovens desempregados, dependentes,
moradores de rua, órfãos e presidiários. "Pelos jovens exterminados pelo
vício, pela violência e pela exclusão", disse, deixando uma mensagem
esperançosa: "Celebro por todos os que acreditam que um mundo novo é
possível".
Fiéis
"Chegamos debaixo de chuva, mas eu tinha
certeza de que o tempo iria melhorar e a gente poderia assistir à festa
com muita alegria", comemorava a irmã Carla Bezerra, integrante de um
grupo de 60 freiras Filhas da Caridade São Vicente de Paulo. Vindas de
várias partes do País, elas estão hospedadas na Tijuca (zona norte), e
às 16 horas, muito empolgadas, dançavam ao som dos cantores que animavam
a plateia. A essa hora a multidão já tomava conta de grande parte da
areia da praia de Copacabana. Para a maioria dos fiéis, o palco era um
ponto distante separado por uma área vip com 1.500 lugares e um espaço
destinado a deficientes físicos.
Às 18 horas a chuva voltou a cair, mas a essa altura os
peregrinos já estavam completamente envolvidos com a festa e poucos
procuraram abrigo. A missa de abertura, a partir das 19h30, serviu como
um teste para a cerimônia de acolhida do papa Francisco, que acontecerá
nesta quinta-feira (25).
Antes da celebração, dois telões instalados ao lado do
palco alternavam imagens do show dos cantores com cenas da cidade do
Rio, da visita do papa João Paulo 2º, em 1997, e de trechos do primeiro
discurso do papa Francisco no Brasil, realizado ontem no Palácio
Guanabara, em Laranjeiras (zona sul).
Bandeiras de dezenas de países e da Jornada
Mundial da Juventude coloriram a festa, cujo público previsto era de 500
mil pessoas. Um grupo de índias pataxós, do sul da Bahia, aproveitou o
encontro católico para vender artesanato feito por elas. "Não é só
comércio, estamos lutando pela preservação da nossa cultura", disse
Tamikuã Pataxó, que afirmou ser católica e estar emocionada com a
oportunidade de ver o papa.
A multidão gritava, eufórica, cada vez que os
apresentadores da festa anunciavam os nomes dos grupos presentes. Foi
assim com o grupo Shalom, fundado em Fortaleza logo após a primeira
viagem de João Paulo 2º ao Brasil, em 1980. Um grupo de 80 jovens vindos
de Macapá divertiam a plateia com coreografia e música.
"João Paulo 2º expressava a fé, Bento 16, a esperança e
Francisco representa a caridade. Para nós, ver o papa é uma alegria que
nada pode pagar ", disse o coordenador do grupo de Macapá, Jullierme
Oliveira, de 29 anos. Há seis ele tornou-se missionário e cumpre as
obrigações de castidade, pobreza e obediência.
Antes da missa, os fiéis receberam a Cruz Peregrina e o
Ícone de Nossa Senhora, os símbolos da Jornada, que estão no Brasil
desde setembro de 2011 e passaram por 250 dioceses em todos os Estados
brasileiros. Os dois símbolos chegaram ao palco e foram recebidos por
bispos e cardeais de várias partes do mundo. A multidão, que ocupava
mais da metade da extensão de três quilômetros da praia de Copacabana
entre o palco e o posto 6, rezou o Credo, o Pai Nosso e a Ave Maria. Em
seguida, a oração do Terço Missionário foi feita em várias línguas.
O primeiro dia do papa Francisco no Brasil ficou marcado por
situações inusitadas. A visita, que começou nesta segunda-feira (22) por
conta da Jornada Mundial da Juventude, teve desde quebra de protocolo,
com o pontífice circulando com os vidros abertos pelas ruas do Rio de
Janeiro, até momentos de tensão, quando o carro do líder da Igreja
Católica ficou parado em um congestionamento e foi cercado por fiéis.
Para terminar, o papa ainda discursou em português ao passar mensagem
para os jovens durante cerimônia no Palácio da Guanabara.
O papa Francisco desembarcou às 16h05
, na Base Aérea do Galeão, no Rio de Janeiro. Ele foi recebido pela
presidenta Dilma Rousseff e o vice-presidente, Michel Temer. Também
formaram a comitiva de recepção ao papa oito ministros de Estado, o
governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e o prefeito do Rio,
Eduardo Paes.
De
lá, ele entrou em um carro comum e partiu em direção à Catedral
Metropolitana. No caminho, o papa quebrou o protocolo ao circular com os
vidros abertos pelas ruas da capital fluminense, enquanto acenava para
os fieis. O problema, no entanto, foi quando o veículo entrou na avenida
Presidente Vargas e encontrou um congestionamento.
Ao ficar parado no trânsito
, o carro foi cercado por fieis no meio do trânsito. Nesse momento, os
seguranças tiveram que se esforçar para que as pessoas não entrassem no
veículo. Apesar disso, Francisco continuou tocando nas pessoas e
cumprimentando a multidão. A situação, ainda assim, causou desconfortou
entre as autoridades.
'Cristo bota fé nos jovens', diz papa em português ao chegar no Brasil 'Padre da nossa paróquia sonhou que o papa iria beijar o Miguel', diz mãe
“O secretário municipal de Transportes do Rio, Carlos
Osório, informou que a prefeitura não sabia deste trajeto. "Não
entendemos por que colocaram o papa naquele trajeto. Não houve
comunicação à prefeitura. Foi uma decisão da Polícia Federal e não
sabíamos sequer se o papa iria de helicóptero ou de carro.”
Depois de escapar do engarrafamento e chegar à Catedral, o
papa trocou o carro comum pelo papamóvel e desfilou por outras vias da
cidade enquanto se dirigia ao Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Por
várias vezes, mandou parar o veículo para beijar bebês e abençoar crianças
. “O padre da nossa paróquia sonhou que o papa iria beijar o Miguel",
disse Juliana Braga Coelho, de 28 anos, mãe de um bebê de 7 meses que
também conseguiu o carinho do pontífice. Cerimônia
Quando chegou no Theatro Municipal, o líder da Igreja
Católica embarcou em outro carro fechado para pegar um helicóptero que o
levou até o Palácio da Guanabara. A aeronave pousou no campo do
Fluminense e o argentino foi presenteado com uma camisa do clube
. A chegada do papa deu início à cerimônia, que teve discurso da
presidente Dilma Rousseff. Ela agradeceu Francisco e citou as
manifestações que tomaram conta do País nos últimos meses
.
O papa também falou e surpreendeu ao fazer um discurso totalmente em português
. Ele começou pedindo "licença” para entrar no “imenso coração
brasileiro”. E depois se esforçou para passar uma mensagem que usasse
referências culturais brasileiras.
"O motivo principal da minha presença no Brasil, como é
sabido, transcende as suas fronteiras. Vim para a Jornada Mundial da
Juventude (JMJ). Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o
mundo, atraídos pelos braços abertos do Cristo Redentor. Eles querem
agasalhar-se no seu abraço para, junto de seu coração, ouvir de novo o
Seu potente e claro chamado: 'Ide e fazei discípulos entre todas as
nações. (...) Cristo bota fé nos jovens", disse.
Depois do pronunciamento, o pontífice teve uma rápida
reunião com a presidente. E seguiu de carro até a residência do Sumaré,
onde ficará hospedado no Rio de Janeiro.
Nesta terça-feira, 23, os Correios colocam em circulação o selo que homenageia o Papa Francisco em sua visita ao Brasil durante a Jornada Mundial da Juventude Rio2013 (JMJ Rio2013). O lançamento será realizado na praia de Copacabana após a missa de abertura, que será celebrada às 19h30 pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta.
O selo traz, em primeiro plano, a imagem do Papa no gesto de emissão de benção. Ao fundo, a representação da vista da Baía de Guanabara e, à esquerda, o monumento do Cristo Redentor, símbolo escolhido para a 28ª Edição da Jornada Mundial da Juventude. As cores verde, azul e amarela, usadas para compor a marca do evento, estão presentes na natureza da cidade e na bandeira brasileira. Acima da bandeira, a logomarca oficial da JMJ Rio2013. A arte do selo é de Fernando Lopes, que utilizou a técnica de aquarela sobre papel na confecção da ilustração.
Serão emitidos 1,2 milhão de selos, comercializados a R$ 1,80 cada. As peças poderão ser adquiridas pela loja virtual (www.correios.com.br/correiosonline), pela Agência de Vendas a Distância (centralvendas@correios.com.br) ou nas agências dos Correios.
Com sua animação característica, o papa Francisco recebeu
um grupo de 70 jornalistas em seu voo a caminho do Rio de Janeiro, onde
deve chegar às 16h desta segunda-feira, dia 22. Discursando aos
presentes, o argentino brincou com a expressão "Deus é brasileiro" e com
a eterna inimizade entre o seu país de destino e sua terra-natal.
"Deus já é brasileiro e vocês queriam um papa?", brincou,
divertido, ao cumprimentar uma jornalista. O clima de descontração,
ficou de lado quando o religioso explicou sua preocupação com os jovens
sem emprego e também com a situação dos idosos.
"Corremos o risco de criar uma geração que nunca terá trabalhado. O
trabalho dá dignidade à pessoa e a habilidade para ganhar o pão",
explicou, referindo-se ao abalo econômica que ainda atinge vários países
europeus. "Os jovens, neste momento, estão em crise. Estamos
acostumados a uma cultura descartável. Fazemos isso frequentemente com
os idosos e, agora, com essa crise, estamos fazendo o mesmo com os
jovens", afirmou.
"Algumas vezes, fomos injustos com os mais idosos, que
deixamos de lado, como se não tivessem nada para nos dar. É verdade que
os jovens são o futuro de um povo porque têm energia, mas não são o
único futuro. Os jovens são o futuro porque são jovens e, os idosos,
porque têm a sabedoria da vida", concluiu o pontíficie. As informações são do jornal "Folha de S. Paulo".