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Ronaldo Machado Tel.: (79)9137-1162 / 8821-6541
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A cerimônia de canonização, que contou com a presença do papa emérito Bento 16,
começou pouco antes das 10h (5h de Brasília) e durou pouco mais de 20
minutos. Como previsto no livro litúrgico, a celebração teve início com
cânticos e uma oração coletiva em que foram invocados os nomes de vários
santos.
Em seguida, o cardeal italiano Angelo Amato, responsável
pela Congregação para as Causas dos Santos – o "ministério" da Santa Sé
encarregado dos processos de canonização – solicitou ao Sumo Pontífice
que declarasse santos os dois candidatos. Francisco respondeu com uma
frase padrão em latim ao final da qual disse "Eu os ordeno".
Em seguida, as relíquias
dos dois papas – um frasco contendo sangue de João Paulo 2º e outro com
pedaço de pele retirada de João 23 no ano de 2000, quando seu corpo foi
exumado para a beatificação – foram exibidas ao público. Concluído o
rito de canonização, uma missa foi celebrada por Francisco.
Cerca
de 1 milhão de pessoas eram esperadas pelo evento, mas autoridades de
Roma acreditam que o número final possa ter chegado a 5 milhões. Telões
foram montados pela Prefeitura de Roma em quatro pontos da cidade para
que os fiéis pudessem assistir ao evento.
Além
do ineditismo do evento – nunca dois pontífices foram santificados ao
mesmo tempo – a Santa Sé também fez, pela primeira vez na história, uma
transmissão em 3D pela TV e pela Internet, de olho no público jovem.
Estima-se que cerca de 2 bilhões de pessoas
assistiram ao vivo à celebração em todo o mundo, que também foi
transmitida em salas de cinema, inclusive no Brasil.
O Vaticano
lançou também uma ofensiva nas redes sociais, com a criação de um site
especial para a dupla canonização, uma página no Facebook e até
aplicativos em dispositivos móveis para celulares e tablets. Dois papas
Conhecido
como o "Papa Bom", João 23 comandou a Igreja Católica entre 1958 e
1963. Nesse período, convocou e deu início ao Concílio Vaticano 2º, uma
série de conferências que resultou em documentos sobre os novos rumos da
Igreja Católica, com o intuito de aproximá-la do povo e adaptá-la à
modernidade.
Talvez
mais popular entre os peregrinos, João Paulo 2º ascendeu ao Trono de
Pedro em 1978 e lá permaneceu até 2005, quando morreu. Foi um dos
papados mais longos da história e sua canonização foi a mais rápida da
história moderna da Igreja.
Segundo
vaticanistas ouvidos pela BBC Brasil, a decisão de Francisco de
canonizar os dois papas em um único dia seria uma tentativa de preencher
o abismo entre duas alas opostas da Santa Sé: os "tradicionalistas",
representados por João Paulo 2º, e os "reformistas", seguidores de João
23.
Grandes dimensões Participaram da dupla
canonização cerca de 150 cardeais e bispos e 6 mil padres. O Vaticano
divulgou uma lista oficial com autoridades internacionais de 93 países,
incluindo 24 chefes de Estado.
O único brasileiro na lista foi
José Graziano da Silva, que, no entanto, representa a Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), órgão ligado à ONU
sediado em Roma que ele comanda desde janeiro de 2012.
Para
atender aos milhares de fiéis que lotaram a Praça de São Pedro, o
Vaticano e a Prefeitura de Roma mobilizaram mais de 2,4 mil policiais,
cem ambulâncias e 2,5 mil voluntários, encarregados de distribuir 4
milhões de garrafas de água e 150 mil livros litúrgicos para que os
fiéis pudessem acompanhar passo a passo da cerimônia.