Tem Jeito

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Na realidade de tantos problemas no planeta, falta de água, mortes em nome de Deus, desagregação da família, exclusões sociais, fome, concentração de riquezas frente à falta dela para grandes parcelas, corrupção, políticos e outros aumentando, de modo exorbitante, os próprios salários, desvio de dinheiro público,os mensalões, os petrolões e outros desmandos, parece não ter solução essa situação.

De fato, o tecido social está fragilizado, com falta de ética, altivez de caráter, honestidade e moral.
Há quem deseja o castigo de Deus e espera dele uma solução, já que o ser humano parece não ter limites na prática de tamanhas injustiças. A própria justiça humana tem cometido muita injustiça.

Mesmo a religião às vezes é usada de modo distorcido. Muitos a fazem servir para a própria conveniência, tirando proveito financeiro à custa da boa fé das pessoas, sem obedecer aos preceitos divinos. Muitos não seguem as orientações de quem é colocado à frente da comunidade como autoridade competente e legítima. O texto bíblico até se refere a quem ridiculariza a pregação profética: “Eles zombavam dos enviados de Deus, desprezavam as suas palavras, até que o furor do Senhor se levantou contra o seu povo e não houve mais remédio”(2 Crônicas 36,16).

O amor divino, porém, vem em auxílio à insensatez humana. Através do Filho de Deus temos esperança, baseados na certeza de sua pessoa, que assume nossa natureza humana. Prova-nos, com a ressurreição, que podemos confiar nele, para seguirmos seu itinerário e termos força de assumir os desafios da vida com nova perspectiva. O ser humano tem jeito para solucionar seus problemas. Basta assumir os critérios e valores inoculados por Deus na consciência humana, formada com o bem natural e clareados com a revelação de Cristo. O segredo está na aceitação da conversão para a alteridade. Esta nos faz voltar-nos para o amor ao semelhante, querendo dar de nós, mesmo com nosso sacrifício, para tornar nossa convivência de respeito à vida e à dignidade humana. A felicidade não é conquistada plena e definitivamente enquanto a buscamos com o enfoque no ter sempre mais o que é material e sensível, em detrimento do ideal proposto por Deus. Quem mais conquista progressivamente a própria realização é o que mais dá de si pelo bem do semelhante, em vista da proposta divina. Fora disso, a ilusão da felicidade plena faz a pessoa pensar e agir para se satisfazer, colocando a finalidade da vida no que é transitório.

Este tempo de preparação à Páscoa nos apresenta a necessidade de conversão para a vida nova trazida e ensinada pelo divino Mestre. Mesmo assumindo as cruzes da vida, mas com amor ao semelhante, e tendo compaixão para entendermos e irmos ao encontro de quem precisa de nossa ajuda, vencemos a batalha existencial. O que é transitório é importante, mas usado com os critérios do Criador, para promovermos o bem a todos.

A Páscoa de Jesus nos dá a certeza de que, caminhando com Ele, temos a chave do segredo da vida realizadora. Ele lembra que veio para servir. Se também o fizermos, vemos que há o único jeito de consertarmos o ser humano e toda a sociedade. O altruísmo faz bem a quem dá de si pelo outro. Teremos mais entendimento, colaboração, formação do bom caráter, certeza de que somos grandes e importantes quando ajudamos a tornar a cidade terrestre uma terra de irmãos que se amam e pensam uns nos outros. A Páscoa de verdade então acontece na sociedade!


Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)


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Papa explica: pedir perdão não é o mesmo que pedir desculpa

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Para pedir perdão a Deus, é preciso seguir o ensinamento do “Pai-Nosso”: arrepender-se com sinceridade dos próprios pecados, sabendo que Deus perdoa sempre. Foi o que reiterou o Papa Francisco durante a homilia da Missa celebrada nesta terça-feira, 10, na Casa Santa Marta.

Deus é onipotente, mas também a sua onipotência, de certo modo, se detém diante da porta fechada de um coração que não pretende perdoar quem o feriu. O Papa se inspirou no Evangelho do dia, em que Jesus explica a Pedro que é preciso perdoar “setenta vezes sete”, que equivale a “sempre”, para reafirmar que o perdão de Deus ao homem e o perdão do homem aos outros estão estreitamente relacionados.

Francisco explicou que tudo parte de como a pessoa, antes de todos, se apresenta a Deus para pedir perdão. O exemplo do Papa é extraído da Leitura do dia, que mostra o Profeta Azarias invocando clemência pelo pecado do seu povo, que está sofrendo, mas também é culpado por ter “abandonado a lei do Senhor”. Azarias, indicou Francisco, não protesta, não se lamenta diante de Deus pelos sofrimentos; pelo contrário, reconhece os erros do povo e se arrepende.

“Pedir perdão é outra coisa, é diferente de pedir desculpa. Eu erro? Mas me desculpe, errei… Pequei! Não tem nada a ver uma coisa com outra. O pecado não é um simples erro. O pecado é idolatria, é adorar o ídolo, o ídolo do orgulho, da vaidade, do dinheiro, do “eu mesmo, do bem-estar… Tantos ídolos que nós temos. E, por isso, Azarias não pede desculpas: pede perdão”.

O perdão deve ser pedido com sinceridade, com o coração, e de coração deve ser doado a quem cometeu um deslize destacou o Papa. Como o patrão da parábola contada por Jesus, que perdoa um grande débito movido pela compaixão diante das súplicas de um dos seus servos. E não como aquele mesmo servo faz com outro servo, tratando-o sem piedade e mandando-o à cadeia, mesmo que a dívida fosse irrisória. A dinâmica do perdão – recordou o Papa – é aquela ensinada por Jesus no “Pai-Nosso”.

“Jesus nos ensina a rezar ao Pai assim: ‘Perdoa os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’. Se eu não sou capaz de perdoar, não sou capaz de pedir perdão. ‘Mas, padre, eu me confesso, vou ao confessionário…’. ‘E o que faz antes de se confessar?’. ‘Mas, eu penso nas coisas que fiz de mal…’. ‘Tudo bem’. ‘Peço perdão ao Senhor e prometo não fazer de novo…’. “Certo. E depois vai até ao sacerdote? Antes, porém, falta algo: perdoou a quem lhe fez mal?”.
Em poucas palavras, Francisco retomou o pensamento: o perdão que Deus lhe dará requer o perdão que você dará aos outros.

“Este é o discurso que Jesus nos ensina sobre o perdão. Primeiro: pedir perdão não é um simples pedido de desculpas, é ter consciência do pecado, da idolatria que eu perpetrei, das tantas idolatrias. Segundo: Deus sempre perdoa, sempre. Mas pede que eu perdoe. Se eu não perdoo, em um certo modo fecho as portas ao perdão de Deus. ‘Perdoa os nossos pecados assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido’”.



Por Canção Nova com Rádio Vaticano