Fiéis enfrentam chuva e frio na abertura da Jornada Mundial da Juventude



Em meio ao frio e vento que atingiam a praia de Copacabana nesta terça-feira (23), no primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude, cerca de 500 mil a 600 mil peregrinos comemoravam como uma bênção cada trégua dada pela chuva antes da missa de abertura, celebrada pelo arcebispo do Rio, Dom Orani Tempesta.

A missa abrio oficialmente a Jornada, que terá nos próximos dias a participação do papa Francisco, e reúne milhares de jovens que, apesar do clima adverso, aplaudiram e cantaram durante a missa, muitos empunhando bandeiras de vários países.

"Vocês, queridos jovens, são o presente esperançoso de uma sociedade que espera que sua crise de valores tenha uma solução. São chamados a formar uma nova geração que vive a fé e a transmite para a geração seguinte", disse dom Orani em sua homilia.

O religioso fez uma convocação para que os jovens que participam da JMJ façam discípulos por todos os lugares do mundo, e pediu para que estejam prontos para as "consequências" da aceitação de Deus, descritas pelo arcebispo como "cheias de desafios e alegrias".

"O entusiasmo juvenil por todos os cantos demonstram o rosto do jovem cristão, que procura unir o testemunho de uma vida autenticamente cristã com as consequências sociais do Evangelho", disse.

Ao declarar as intenções da missa de abertura, dom Orani Tempesta foi aplaudido ao lembrar os 242 mortos no incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), em janeiro. "Rezo pelos jovens de Santa Maria, pedindo mais segurança para todos", disse o arcebispo, recebendo aplausos dos jovens que participam da missa na Praia de Copacabana.

Dom Orani também as chacinas da Candelária, em que crianças e adolescentes moradores de rua foram mortos no centro do Rio de Janeiro, e de Vigário Geral – dois episódios violentos que tiveram repercussão internacional.

Diante de jovens de várias partes do mundo, dom Orani incluiu nas intenções da missa os jovens desempregados, dependentes, moradores de rua, órfãos e presidiários. "Pelos jovens exterminados pelo vício, pela violência e pela exclusão", disse, deixando uma mensagem esperançosa: "Celebro por todos os que acreditam que um mundo novo é possível".

Fiéis

http://i0.statig.com.br/bancodeimagens/5q/qk/gt/5qqkgtrjm3eu3v8o8yt6sjlwk.jpg"Chegamos debaixo de chuva, mas eu tinha certeza de que o tempo iria melhorar e a gente poderia assistir à festa com muita alegria", comemorava a irmã Carla Bezerra, integrante de um grupo de 60 freiras Filhas da Caridade São Vicente de Paulo. Vindas de várias partes do País, elas estão hospedadas na Tijuca (zona norte), e às 16 horas, muito empolgadas, dançavam ao som dos cantores que animavam a plateia. A essa hora a multidão já tomava conta de grande parte da areia da praia de Copacabana. Para a maioria dos fiéis, o palco era um ponto distante separado por uma área vip com 1.500 lugares e um espaço destinado a deficientes físicos.

Às 18 horas a chuva voltou a cair, mas a essa altura os peregrinos já estavam completamente envolvidos com a festa e poucos procuraram abrigo. A missa de abertura, a partir das 19h30, serviu como um teste para a cerimônia de acolhida do papa Francisco, que acontecerá nesta quinta-feira (25).

Antes da celebração, dois telões instalados ao lado do palco alternavam imagens do show dos cantores com cenas da cidade do Rio, da visita do papa João Paulo 2º, em 1997, e de trechos do primeiro discurso do papa Francisco no Brasil, realizado ontem no Palácio Guanabara, em Laranjeiras (zona sul).
           

AP
Fiéis acompanham a abertura da Jornada Mundial da Juventude,
na praia da Copacabana, nesta terça-feira (23)

Bandeiras de dezenas de países e da Jornada Mundial da Juventude coloriram a festa, cujo público previsto era de 500 mil pessoas. Um grupo de índias pataxós, do sul da Bahia, aproveitou o encontro católico para vender artesanato feito por elas. "Não é só comércio, estamos lutando pela preservação da nossa cultura", disse Tamikuã Pataxó, que afirmou ser católica e estar emocionada com a oportunidade de ver o papa.

A multidão gritava, eufórica, cada vez que os apresentadores da festa anunciavam os nomes dos grupos presentes. Foi assim com o grupo Shalom, fundado em Fortaleza logo após a primeira viagem de João Paulo 2º ao Brasil, em 1980. Um grupo de 80 jovens vindos de Macapá divertiam a plateia com coreografia e música.

"João Paulo 2º expressava a fé, Bento 16, a esperança e Francisco representa a caridade. Para nós, ver o papa é uma alegria que nada pode pagar ", disse o coordenador do grupo de Macapá, Jullierme Oliveira, de 29 anos. Há seis ele tornou-se missionário e cumpre as obrigações de castidade, pobreza e obediência.

Antes da missa, os fiéis receberam a Cruz Peregrina e o Ícone de Nossa Senhora, os símbolos da Jornada, que estão no Brasil desde setembro de 2011 e passaram por 250 dioceses em todos os Estados brasileiros. Os dois símbolos chegaram ao palco e foram recebidos por bispos e cardeais de várias partes do mundo. A multidão, que ocupava mais da metade da extensão de três quilômetros da praia de Copacabana entre o palco e o posto 6, rezou o Credo, o Pai Nosso e a Ave Maria. Em seguida, a oração do Terço Missionário foi feita em várias línguas.

* Com AE