O papa Francisco foi eleito a personalidade do ano pela Time.
A publicação divulgou sua escolha nesta quarta-feira (11/12), numa
decisão tomada a partir de uma lista de 10 finalistas - entre elas, a
cantora americana Miley Cyrus, o presidente da Síria, Bashar Assad, e o
ex-técnico da CIA, Edward Snowden.
Entre tantas pessoas que impactaram de alguma maneira o decorrer de
2013, por que a revista escolheu Jorge Mario Bergoglio? Os jornalistas
Howard Chua-Eoan e Elizabeth Dias explicam assim: "o que faz do papa uma
pessoa tão importante é a velocidade com a qual ele capturou o
pensamento de milhões de pessoas que já haviam desistido de ter
esperanças na Igreja". Faz sentido. Antes da eleição de Francisco, a
imagem da instituição religiosa passava por um momento delicado, com
diversas denúncias de abusos sexuais e corrupção entre os cardeais e por
seu posicionamento autoritário e radical numa sociedade que já não
aceita imposições.
Para a Time, o pontífice se tornou o promotor de mudanças
revolucionárias na Igreja a partir do momento em que adotou um discurso
de críticas à própria instituição que representa. Em suas falas, se
tornaram comuns expressões de condenação à ostentação, à desonestidade e
à cultura do descarte - inclusive e principalmente quando ocorrem
debaixo do teto da capela. Em
julho deste ano, Francisco chegou a fazer vistorias na garagem do
Vaticano para verificar se os clérigos católicos estavam atendendo a seu
pedido de que usassem carros "modestos". "Meu coração dói quando vejo um padre usando o último modelo de automóvel", declarou ele na ocasião.
Francisco usa ferramentas atuais para falar com os fiéis. "Ele é
fotografado lavando os pés de detentas, posando para fotos "selfies" com
adolescentes que visitam o Vaticano, abraçando um homem cujo rosto é
deformado". Essas imagens repercutem nas redes sociais e encontram um
público que, até então, se afastava da Igreja: os jovens. Seguindo esse
movimento de atualização, o papa também adotou um posicionamento
diferente do de seus antecessores sobre questões polêmicas, como o
aborto e a homossexualidade. Em vez de condenar mães que interrompem
gravidez e a comunidade LGBT, ele diz que, se se tratam de pessoas de
boa vontade à procura de Deus, ele não pode julgá-las.
Um dos principais acontecimentos de seus oito meses de Pontificado foi a
divulgação de um documento chamado Exortação Apostólica. Nele,
Francisco explica por que e como a Igreja Católica deve passar por uma
reforma para se tornar uma instituição mais missionária e agregadora,
focada principalmente nos pobres. Existe um boato, inclusive, de que o
pontífice sai do Vaticano escondido durante à noite, usando roupas de
um sacerdote comum, para distribuir alimentos para moradores de rua.
"Ele dá esperanças em cada canto do mundo: esperanças que nunca
poderiam ser cumpridas, pois são irreconciliáveis. Do idoso tradicional
que espera pela missa rezada em latim à jovem devota que desejava, ela
própria, ser uma sacerdote, todos tem esperança", diz a Time.
http://epocanegocios.globo.com/Informacao/Acao/noticia/2013/12/papa-e-eleito-personalidade-do-ano-pela-revista-time.html